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sábado, 10 de outubro de 2015

Quando usar uma palavra...não beba!





Uma só palavra pode fazer a diferença. Para construir ou destruir. Uma pessoa, uma relação, um projecto.

E porquê? Porque a palavra nunca é neutra, tem sempre um significado e uma consequência. Ter um significado quer dizer que é interpretada não só por quem a usa mas, também, por quem a ouve ou lê. E esta interpretação arrasta sempre uma consequência. Não há como fugir a isto.

Uns exemplos.

Há uns dias, no telejornal da RTP1, a palavra “eleita”, aplicada ao cientista e deputado Alexandre Quintanilha, foi interpretada pelos espectadores como uma “piada” à sua assumida homossexualidade. O que arrastou a exigência de demissão do jornalista e o pedido de desculpas do mesmo.

Num casal de namorados recentes, o primeiro que disser “amo-te” anuncia o desejo de levar a relação a sério, o que obrigará o outro a aceitar ou a rejeitar a ideia, o que levará ao aprofundamento ou ao fim da relação.

Não é impunemente que os pais definem o seu filho como “estúpido” ou “inteligente”. Qualquer uma destas palavras vai ficar marcada a fogo no puto, será sempre recordada, e orientará a sua estratégia de vida futura – “eu não presto” ou “eu sou o maior”.

Numa discussão entre um casal, o marido diz à mulher: “Casaste comigo ou contra mim?”. Este trocadilho introduzirá uma quebra na discussão e abre portas para outros desenvolvimentos. 

Imaginem agora que um padre pede licença ao Bispo para fumar. Se ele perguntar “Quando rezo, posso fumar?”, o Bispo responderá não, pois rezar não pode ser perturbado com o fumo. Porém, se ele perguntar “Quando fumo, posso rezar?”, o Bispo dirá sim, pois rezar deve ser feito em qualquer situação.

Brincar com os significados das palavras é muito divertido. É, aliás, assim, que os Gato Fedorento e outros humoristas ganham a vida. Há gente com sorte, né?

Pois, pois…Mas há um livrinho, chamado dicionário, que condensa todos os significados das palavras que usamos. E agora é que tudo fica mesmo complicado.

Vejamos, no dicionário da língua portuguesa PRIBERAM, o significado da palavra CIGANO:


Indivíduo pertencente aos ciganos, povo nómada, de origem asiática, que se espalhou pelo mundo.
Aquele que leva vida errante. 
Aquele que tem arte e graça para captar as vontades. 
Quem age com astúcia para enganar ou burlar alguém. BURLÃO, IMPOSTOR, TRAPACEIRO, VELHACO. 
Aquele que é excessivamente agarrado ao dinheiro. AVARENTO, SOVINA.


Como se deduz desta leitura, a palavra “cigano” tem uma primeira definição étnica e todas as restantes são informais/pejorativas. Imaginem agora que pedem a um puto cigano que procure no dicionário o significado da palavra…Chocante, não é? 

O vídeo seguinte ilustra a situação.




E se forem consultar no dicionário de italiano a expressão “fazer uma portuguesa”, o que encontrariam? “Andar nos transportes públicos sem pagar”! Animador, não é? 

Divirtam-se a pesquisar outras. 

Se julgam que “palavras leva-as o vento”, enganem-se. Elas marcam, serão sempre recordadas, orientarão o futuro. 

Quando usar uma palavra…não beba. 




terça-feira, 6 de outubro de 2015

Pais e filhos. Copy and paste.




Pois é, os putos imitam tudo o que os adultos fazem. É, aliás, a primeira forma de aprender. 

Começa na família e continua, ao longo do tempo, por outras "agências socializantes" - o grupo de vizinhança, a escola, a TV, a Internet, e por aí fora...

Ah, a família...é o espaço onde tudo se passa. Pai e mãe, um pai ou uma mãe, dois pais ou duas mães, os educadores no asilo, tanto faz, são cruciais na transmissão dos modelos de pensamento e comportamento. Mesmo sem consciência disso. Mesmo quando julgam que não. Mesmo quando querem ensinar A e, afinal, ensinam B.

A criança vê, ouve, sente e faz igual. Aqueles adultos são a sua vida, o seu modelo, o seu exemplo. São o seu Manual de Instruções.

E o que é que ela vê? As palavras que usam. Os gestos que fazem. As suas acções.

Como os pais se amam, como se zangam, como se separam. Como amam os filhos, como se zangam com eles, como os tratam numa separação. Como encaram a vida profissional. Como encaram a vida escolar. Como se comportam no espaço público. No trânsito, nas filas das lojas, perante as figuras de autoridade, face a um insulto ou agressão, face aos estrangeiros, face aos mais fracos...Como se comportam  no espaço político.

É por isso que é tão desafiante observar uma família. Há, ali, um modelo comum, falam da mesma maneira, sorriem da mesma maneira, têm posturas corporais semelhantes, movem-se da mesma maneira. Impressionante.

Assim, os filhos vão repetir, ao longo da vida, o que aprenderam aqui. A mulher ou o marido que escolherem vão ter laivos do seu pai ou da sua mãe. E ensinarão aos seus filhos aquilo que ouviram, viram e sentiram.

Por vezes, na adolescência e na vida adulta, podem tentar separar-se destes modelos. Mas, em caso de crise, lá virá ao de cima aquilo que ficou impregnado na sua pele.

Conclusão. Estamos tramados!

Um video que entra pelos olhos dentro. E para ter sempre presente.